terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Falhas na estação de tratamento contaminam lençol freático nas dunas da Lagoa da Conceição



Casan garante eficiência do sistema e denuncia clandestinos

imgEdson Rosa

FLORIANÓPOLIS

Daniel Queiroz/ND
Lagoa da Conceição pássaro
Situação de um dos principais cartões postais da Ilha é preocupante

Lugar de lendas e bruxas, a Lagoa da Conceição paga caro pela fama internacional que, a partir da década de 1980, substituiu a rotina pacata da vila de pescadores pelo ritmo acelerado do turismo sem planejamento. Favorecida pela omissão do poder público, a mesma especulação imobiliária que deu vida própria ao bairro cosmopolita é responsável, também, pela deterioração acentuada da mais importante bacia hidrográfica de Florianópolis.
O cheiro forte que causa náuseas em quem passeia pela avenida Osni Ortiga ou no centrinho ainda não inviabiliza atividades de lazer náutico, nem parece incomodar quem gosta da pesca. Mas afasta clientela dos restaurantes da orla, confirma a seccional local da Acif (Associação Comercial e Industrial de Florianópolis), resultado das ligações clandestinas e do funcionamento inadequado do sistema de coleta e tratamento de esgoto, da Casan (Companhia Catarinense de Água e Saneamento).
Antiga e ineficiente, a ETE construída em área de preservação permanente, no meio das dunas entre a Lagoa e a praia da Joaquina, frequentemente não trata toda a carga de esgoto coletada. E contamina o manancial subterrâneo do aquífero Joaquina. “Isso é o que mais preocupa”, diz Roberto Silveira Fleischmann, diretor de atividades especiais do TCE (Tribunal de Contas do Estado). Segundo ele, vistoria feita em abril constatou aumento dos pontos do lençol freático afetados por excesso de fósforo, nitrito, nitrato, além de coliformes fecais e totais.
“Os índices aceitáveis em três locais analisados estavam acima dos valores máximos permitidos pela legislação”, confirma Fleischmann. O mesmo diagnóstico foi reiterado em junho por técnicos da Fatma (Fundação Estadual do Meio Ambiente), apesar de a Casan afirmar que fez os reparos mais urgentes para manter o sistema sob controle.
Daniel Queiroz/ND
Lagoa de evaporação e infiltração, no meio das dunas
Lagoa de evaporação e infiltração deveria acumular apenas efluentes tratados

TCE identifica para multar responsáveis
Praticamente as mesmas irregularidades apontadas em abril deste ano já haviam sido constatadas em 2006 por técnicos da DAE (Diretoria de Atividades Especiais) do Tribunal de Contas do Estado. Como as determinações feitas em 2008 para implementação de medidas corretivas foram ignoradas, o que agravou a situação do lençol freático nas dunas, novo processo foi aberto pelo TCE. A meta é atingir o bolso de atuais e antigos diretores da Casan, que se omitiram diante da degradação ambiental recorrente e cada vez mais acentuada num dos mais importantes ecossistemas da Ilha.
Neste novo processo, os responsáveis terão amplo direito à defesa, mas devem ser multados caso não consigam justificar o descumprimento das determinações do TCE. “Neste caso, trata-se de multa personalíssima, ou seja, direcionada aos gestores, não à empresa”, explicou Roberto Vieira Fleischmann, diretor de atividades especiais do Tribunal de Contas. As principais determinações não cumpridas pela Casan são o correto tratamento do esgoto da ETE; o monitoramento da qualidade da água do lençol freático das dunas; e a retirada do lodo excedente na periodicidade adequada.
Em dezembro de 2008, o TCE exigiu da Casan a elaboração de plano de ação para correção das irregularidades apuradas. No ano seguinte, a Casan encaminhou o plano de ação solicitado, que passou a ser monitorado em processo específico, para verificação das ações com vistas à resolução das irregularidades.
Além de reiterar as determinações já feitas no processo anterior, o Tribunal determinou que a Casan enviasse periodicamente relatórios parciais. Foram enviados quatro relatórios parciais, entre 2009 e 2011. Além disso, a equipe técnica do TCE fez novas vistorias no local: em 26 de maio de 2009, oito de novembro de 2011, 15 de fevereiro de 2012 e 24 de abril de 2012.
Daniel Queiroz/ND
Lagoa da Conceição
Efluentes sem tratamento também são despejados na lagoa, que faz parte da última etapa do processo
Estação funciona sem análise laboratoria
A Casan, segundo os técnicos do TCE, cumpriu apenas 40% das determinações, e implementou 66,67% das recomendações. No caso das condições do efluente da Lagoa da Conceição, foi constatada a falta de análise laboratorial quinzenal, conforme estipulado no manual da ETE. Além disso, o Laboratório de Análises não vinha procedendo a análise do parâmetro “detergente”.
Também não eram respeitados o VPM (Valor Máximo Permitido) de nitrogênio amoniacal, demanda bioquímica de oxigênio, fósforo total, sólidos sedimentáveis, óleos e graxas e coliformes fecais e totais. A consequência, segundo Fleischmann, é a piora no tratamento do esgoto desde a auditoria operacional de 2006. A Casan deixou de coletar e fazer a análise laboratorial da qualidade da água do lençol freático em setembro e dezembro de 2010, ignorando o manual da ETE.
O período máximo para retirada do lodo produzido pela estação, estabelecido em 76 dias, não foi respeitado. Em determinado período, entre agosto de 2009 e junho de 2010, por exemplo, a Casan levou 300 dias para fazer a operação. Segundo destaca o relatório do TCE, a permanência por muito tempo do lodo na estação potencializa um possível extravasamento para a lagoa de evapo-infiltração, comprometendo assim todo o lençol freático do entorno e a eficácia do tratamento de esgoto.
Estatal tenta se readequar
Apesar da degradação ambiental acelerada, a Casan garante que a ETE atende cerca de 60% da população da Lagoa, em torno de 7.000 pessoas. O sistema, segundo a empresa, é considerado eficiente por laudos ambientais, com efluentes em nível secundário encaminhados para uma lagoa artificial nas dunas, onde ocorre os processos de vaporização e infiltração.
Acusada de agravar a degradação ambiental, a empresa se defende. Garante que a poluição das águas é resultado das ligações irregulares à rede pluvial.Para 2013, investimentos programados e já contratados junto a Jica (Agência Japonesa de Cooperação Internacional), prevêem mais de R$ 22 milhões para obras de ampliação da ETE da Lagoa. Segundo a direção da empresa, desde a última vistoria técnica realizada pelo TCE, em abril deste ano, algumas melhorias exigidas já foram atendidas. Garante, também que parte das irregularidades apontadas no relatório foram solucionadas, como a retirada do excesso de lodo da lagoa de evapo infiltração, o que não se confirmou, de acordo com relatório elaborado por técnicos da Fatma em junho.
Outras adequações e recomendações exigidas pelo TCE, segundo a empresa, estão em fase de atualização, de forma gradativa. Como muitos casos dependem de licitação, licenciamentos e acompanhamento ambiental para os devidos reparos e manutenção, não há previsão de solução imediata.
Segundo a Casan, ligações irregulares do sistema de águas da residência tem sido outro problema detectado pela fiscalização. Exemplo são as calhas ligadas a rede de esgoto sanitário, quando deveriam ser conectadas ao sistema de drenagem pluvial.

Arte/ND

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

ETE POTECAS 2





29/08/2012 - ETE Potecas de São José/SC
Autor: Dr. Aldo Leão Ferreira Filho

Os graves problemas com o saneamento básico em Santa Catarina, não são exclusividade da Capital Florianópolis.
Segundo o relatório de vistoria e fiscalização nas estações de tratamento de esgoto da CASAN emitido em 29/6/12 pela Fundação do Meio Ambiente – FATMA do Estado de Santa Catarina, existem graves danos e crimes ambientais cometidos pelos gestores da CASAN, desta feita, na Estação de Tratamento de Esgoto Potecas – ETE POTECAS, localizada no município de São José/SC, no bairro de mesmo nome.
Na fiscalização realizada na referida ETE, nos dias 29/3/12 e 22/06/12, foram constatados diversos problemas, entre os quais podemos citar: a falta de licença ambiental de operação; a ocorrência de maus tratos a animais (cavalos bebendo esgoto?!!!); a contaminação do solo por efluente não tratado (tratamento preliminar); ausência de manutenção corretiva e preventiva na estação; falta de procedimentos de manutenção e operação orientadores; falta do manual de procedimentos de emergência; problemas estruturais no tratamento preliminar; presença de jacarés nas lagoas de estabilização segundo o operador da ETE; acessibilidade difícil no tratamento preliminar (caixa de areia e caixa de gordura); problemas estruturais no tanque de chegada; falta de laboratório no local para as rotinas operacionais diárias; equipamento usado no tratamento preliminar danificado há 6 meses, forçando by-pass para a lagoa de estabilização; não segregação de resíduos no sistema preliminar (mistura de areia e material grosseiro); vazamento no tratamento preliminar; falta de registro de rotinas operacionais.
Além destes problemas, a fiscalização do órgão estadual na ETE POTECAS, constatou ainda: o armazenamento e a disposição inadequada de resíduos; a contaminação do solo por falta de impermeabilização nas lagoas de estabilização; a falta de queimador de gás metano proveniente da lagoa anaeróbia; a emissão de odores; a erosão no rio devido ao lançamento de efluente final da ETE; Espuma no efluente lançado no rio, indicando a presença de detergentes contaminantes do corpo receptor; ponto de lançamento dos efluentes finais sem capacidade para suportar a vazão da ETE;  falta do sistema de desinfecção final; o lodo residual biológico fica estocado dentro das lagoas, não havendo um sistema de tratamento do mesmo; a contaminação do corpo hídrico receptor e o parâmetro do efluente final que não atende as normas vigentes, o que acarretou a emissão dos autos de infração N. 447-D e 448-D, pela FATMA.
A ETE POTECAS foi construída há cerca de vinte anos, e a população local convive com os problemas relatados e o forte mau cheiro que atinge um raio de cerca de 5 km, decorrente da não conclusão das obras de cobertura dos tanques da estação.
Segundo a Associação de Moradores de Potecas, há dois anos a obra devia estar concluída, para a qual foram alocados cerca de R$ 5 milhões.


ETE POTECAS


Mau cheiro e incertezas cercam os moradores de Potecas

A não conclusão da obra nos quatro tanques da estação de tratamento de esgoto preocupam moradores, principalmente por conta da saúde

imgCarol Ramos
@carolramos_ND
SÃO JOSÉ

Apesar da expansão imobiliária, o bairro Potecas, em São José, é marcado pela aflição diária causada pelo mau cheiro e discriminação, advindos com a instalação da estação de tratamento de esgotamento sanitário, construída na comunidade há cerca de 20 anos. Desde então, os moradores têm esperado a finalização da obra, de responsabilidade da Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento), para tentar minimizar os problemas e viver com mais orgulho do lugar onde moram.
O presidente da Associação de Moradores de Potecas, Zulmar Kamers, reclama do atraso na cobertura dos quatro tanques onde são tratados os materiais, captados de aproximadamente 40% das casas de São José e de outras cidades da região. “O recurso veio através do PAC, no valor de R$ 5 milhões, e era pra ter concluído a obra há dois anos. Até agora não investiram nada em redução de odores”, conta. Kamers reclama também da ausência de uma contrapartida da Casan, para compensar os danos causados ao bairro, aonde o cheiro chega a atingir um raio de até cinco quilômetros.
“A Casan podia muito bem investir em creche e área de lazer, além de terminar a contenção do rio Potecas, que já mudou de curso três vezes. Eles têm que revitalizar e arborizar a margem do rio”, comenta.  Vizinha da estação de esgoto, Adésia Lealdina Silva, 45, se preocupa principalmente com a saúde da família. “Minha mãe é idosa e tem bronquite, com o cheiro que entra em casa ela piora mais ainda. Sem falar que as bijuterias e fechaduras das portas escurecem por conta do gás metano, que também é cancerígeno”, adverte a professora.
Solução em até 90 dias
De acordo com o gerente de construção da Casan, Fábio Krieger, o atraso na obra se deu por conta da necessidade de um ajuste no projeto de cobertura dos tanques, que será concluído em até 90 dias. “Estamos fazendo um reforço estrutural para colocar a cobertura e finalizar a construção nos quatro reatores. Com isso, o gás metano ficará preso ali e será queimado”, explica. A expectativa é de que em no máximo seis meses o mau cheiro seja nulo.
Krieger informa que o projeto de revitalização do entorno do rio Potecas está em análise na Fatma (Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina) e que em breve a mata ciliar no local será recuperada. Quanto à contrapartida ao bairro em obras públicas, “não foi ajustado nada com a comunidade de construção de área de lazer, nem outra obra em Potecas”, informou.
Publicado em 28/05-09:01 por: Carol Ramos. 
Atualizado em 05/12-21:23

    quarta-feira, 29 de agosto de 2012

    MOSAL repassa denúncia


    Clique no link abaixo para ver a matéria toda, não se esqueçam de fechar o naiz ou trancar a respiração. Isto É TURISMO, ILHA DA MAGIA....
    http://wp.clicrbs.com.br/nasondascombanana/2012/08/27/ecologia-praia-dos-ingleses-pede-socorro/?topo=84,2,18,,,84

    Cadê as autoridades! É para no mínimo começar a ficar preocupado. Olha o estado do riozinho do Zinga, registrei esse crime ambiental hoja na tarde, não é a toa ...
     
    DO LEITOR: Praia dos Ingleses pede socorro?
    27 de agosto de 20121

    NA FOTO: olha o contraste na paisagem. Uma vala quebrando perfeita ao fundo com uma beira de praia podre de poluição doméstica. Ninguém cuida disso na praia dos Ingleses? Peixe nesse rio não se cria nem com "máscara de gás" !!!


    NA FOTO: Imaginem quando o tempo começar a esquentar, o fedor no lugar vai ficar insuportável. Inclusive este já um dos problemas da praia dos Ingleses durante os meses de verão. Isso não é nenhuma novidade, mas parece que deu uma piorada.

    Denuncia de um leitor de Floripa: :-x

    Cadê as autoridades, onde estão os orgãos competente responsáveis pela manutenção do sistema de tratamento de esgoto doméstico da praia dos Ingleses! É para no mínimo começar a ficar preocupado. Olha o estado que se encontra o riozinho que deságua na praia dos Ingleses.
    Registrei esse crime ambiental na tarde deste último domingo (26/08), não é a toa que esta parte da praia hoje é conhecida e chamado pela galera de " shit point ", também olha a condição do lugar, está PODRE!!!!
    Com certeza este é um local impróprio para banho ou pratica do surf no "Zinga". A ilha tá largada as moscas. Turismo de qualidade, chega a ser uma comédia falar isso, as autoridades não cuidam nem das praias. Quer vergonha poder público.

    domingo, 19 de agosto de 2012

    DESFAZENDO CONFUSÕES PLANEJADAS

    Os modelos de Saneamento:

    Modelo Centralizado com emissários submarinos.imposto pela PMF-CASAN - baseado em grandes obras caixa-2 
    (o pessoal do norte da ilha já está experimentando as consequências, antes mesmo da implantação do projeto) 
    Modelo Descentralizado que dispensa emissários defendido pelo MOSAL e comunidades, 100% aprovado no Congresso da Cidade.

    Não existe uma terceira opção de modelo... (ou é centralizado ou descentralizado)

    Quem assim, ouvir algo semelhante a uma terceira opção, pode ter certeza de que está diante de uma arapuca da politicagem.
    Uma terceira "opção" de saneamento é fictícia, criação maquiada para efeito de:

    - confundir a cabeça das pessoas com fins eleitoreiros
    não querer defender abertamente o centralizado da Casan para não se queimar    
       junto às comunidades  
    não querer defender abertamente o Saneamento Descentralizado para não se 
      queimar politicamente com os financiadores de campanhas e politiqueiros.
      

    MOSAL

    Nossos amigos e parceiros denunciam...



    Trecho de mensagem recebida pelo militante do movimento social João Manoel do Nascimento

    Ações da Casan norte da ilha:

    - "Quer centralizar na ETE de Canasvieiras TODO o esgoto do norte da ilha, sob a desculpa de que é "temporário"; 
    - Está terminando as obras de ligação da rede coletora de Ingleses (construída em 2002), com previsão de despejo de esgotos na ETE de Canasvieiras já no mês de agosto (atividade que é contrária até ao Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico- PMISB); 
    - Desativação da ETE da Praia Brava para bombeamento dos esgotos "in natura" para a ETE de Canasvieiras;
    - Desativação da ETE da Vila União para bombeamento dos esgotos "in natura" para a ETE de Canasvieiras; e
    - Ligação dos esgotos de Jurerê "Tradicional" à ETE de Canasvieiras (antes da temporada de verão 2012/2013)."

    Multas
    ICMBio revelou que multou a CASAN em mais de R$ 1,2 milhões pelo severos impactos à Estação Ecológica de Carijós decorrentes das 3 (três) ETEs da região que estão nas imediações desta unidade de conservação federal (Canasvieiras, Vila União e Saco Grande). 



    quinta-feira, 12 de julho de 2012

    OFICINA DE SANEAMENTO- MOSAL INTERESTADUAL!


    Nesta sexta-feira, dia 13 de julho, o MOSAL realizará a I Oficina de Saneamento - Modelo Descentralizado para Esgotamento Sanitário durante a XI Jornada de Agroecologia em Londrina, Paraná.



    quinta-feira, 28 de junho de 2012

    Políticas públicas: resíduos sólidos e despoluição dos rios


    A questão do esgotamento sanitário, mesmo em países desenvolvidos, é ainda um tabu: mesmo quando as pessoas  sabem que o esgoto é tratado, não gostam muito de falar, assim como também não tem muita informação sobre o assunto.
    Durante a Conferência Lixo Zero realizada em 2010 realizada em Florianópolis, os representantes de entidades e sociedade civil apresentaram propostas e ações em andamento em seus respectivos países que tinham características do conceito do modelo descentralizado em seu bojo, como caminho escolhido para a questão dos resíduos sólidos. Os resultados apresentados demonstraram que a "educação ambiental" era fator importante no processo, mas que sem alterações e construção de novas políticas públicas e vontade política, principal e essencialmente, os processos demorariam até 100 anos para atingir as populações de forma mais abrangente, o que, na luta inglória contra a febre consumista estimulada pelo sistema capitalista, hoje conhecido como economia verde vigente, significa trabalho de caranguejo- estaremos sempre andando prá trás.
    Durante o debate, o MOSAL perguntou aos palestrantes se a determinação daqueles países em atingir o "Lixo Zero" ("Zero Waste") também incluía a questão do esgotamento sanitário- "waste" em inglês, refere-se tanto aos resíduos sólidos como esgoto. Houve um certo silêncio na mesa, até que o representante, um vereador, das Filipinas tomou a palavra e declarou que a meta Zero Waste naquele país, englobava tanto os resíduos sólidos quanto o esgotamento sanitário, e que o modelo descentralizado de tratamento havia sido escolhido e estava sendo implantado de forma ampla naquele país, apresentando resultados extremamente positivos.  A outra pessoa que se manifestou - os demais mantiveram-se em silêncio, comentando depois, que pouco sabiam sobre o tratamento de esgoto em suas cidades e países e que desconheciam o modelo descentralizado como conceito, apesar de aplicá-lo por bom senso na questão dos resíduos sólidos- foi a representante da Inglaterra, que comentou não dominar informações sobre o assunto esgotamento sanitário, mas que sabia que o sistema de tratamento de esgoto na Inglaterra era bem antigo e que até onde sabia, funcionava bem.
    O artigo abaixo trata do assunto "waste" em sua forma ampla, e dá uma idéia de como o assunto "esgoto", e indissociável dos "resíduos sólidos",  é atual e nunca mais poderá deixar de ser pauta nas políticas públicas dos países que levam a preservação ecológica e a saúde das populações à sério.
    O caso Tâmisa


    O rio que corta Londres já foi exemplo de catástrofe ambiental. Quem caísse nas suas águas morria. A partir de1957 o governo investiu e o Tâmisa virou um exemplo de recuperação. Mas não dá para tomar banho

    Eduardo Araia
    Em 1878, 600 passageiros do navio a vapor Princess Alicemorreram em Barking, na região leste da Grande Londres, após a embarcação colidir e ir a pique. O principal vilão da tragédia não foi o afundamento: as vítimas foram intoxicadas pela poluição das águas do Rio Tâmisa enquanto nadavam para alcançar as margens.
    O drama do Princess Alice é um exemplo das condições em que o rio de 346 quilômetros de extensão o maior da Inglaterra se encontrava na época vitoriana. A água despejada pelas indústrias e os dejetos provindos dos recém-inventados vasos sanitários fluíam diretamente para o rio ao longo de cidades importantes como Oxford, Windsor, Kingston, Richmond e Londres. A vida selvagem, peixes, mamíferos e aves, agonizava. Para piorar, os londrinos bebiam água retirada sem tratamento, o que resultou na morte de milhares de pessoas.
    A situação só mudou para valer a partir de 1957, quando os níveis de poluição chegaram a um grau tão elevado que o Tâmisa foi declarado biologicamente morto. A água tinha pouco oxigênio e não suportava nenhuma forma de vida. Do lodo depositado no fundo emanava um insuportável cheiro de "ovo podre" que obrigou a suspender sessões do Parlamento, em 1858. Desde então, o governo central e as prefeituras ao longo do rio começaram uma guerra coordenada, sem tréguas, contra a poluição.Uma legislação ambiental rígida obrigou as fábricas a eliminar o despejo de poluentes nos 20 tributários do rio. O sistema de tratamento do esgoto da região metropolitana de Londres (atualmente com 8 milhões de habitantes) foi aperfeiçoado. O problema recorrente das enchentes foi resolvido em 1980 com a construção da Barragem do Tâmisa. Trechos de concreto que impermeabilizavam as margens (como se vê atualmente nas margens do Rio Tietê na capital de São Paulo) foram retirados pela Agência de Meio Ambiente, responsável pelo manejo do rio hoje atravessado por 214 pontes e 20 túneis. Abriu-se espaço, assim, para solos de lama e mais de 400 hábitats para vida selvagem.
    O conjunto de ações devolveu vida ao Tâmisa. Atualmente, há 125 espécies de peixes e 400 espécies de invertebrados povoando as águas e as margens. Pássaros, como a garça e o martim-pescador, e mamíferos, como a lontra, são avistados novamente. Em 1979 as autoridades introduziram o salmão, espécie muito sensível à poluição, mas em 2006 o peixe desapareceu. Até cavalos-marinhos já surgiram nas águas do estuário, no Mar do Norte.
    Depois da despoluição o rio voltou a atrair os esportes náuticos.
    Hoje, o rio anima competições esportivas de remo, navegação à vela, caiaque e atrai pescadores embora ninguém se atreva a nadar em suas águas. O renascimento rendeu o prêmio International eiss River Prize, concedido pela organização International Riversymposium, em 2010. O Tâmisa nunca esteve tão limpo em 150 anos. Mas a guerra contra a poluição deve ser perene, advertem as autoridades. O antiquado sistema de drenagem e esgoto conjugado da capital, construído na era vitoriana para uma população menor, precisa ser refeito. Todo material orgânico e inorgânico transportado deve ser integralmente tratado. Com o sistema no limite, consertos de encanamento malfeitos e despejo inadequado de lixo, de pet, de sacos plásticos e de óleo podem agravar os problemas e voltar a apresentar risco à população.
    Para contornar as emergências, a Agência do Meio Ambiente possui oito estações de monitoramento na Grande Londres, que vigiam a quantidade de oxigênio disponível nas águas durante as 24 horas do dia. Se o nível cai, embarcações vão até o ponto indicado e injetam oxigênio ali. A técnica tem se revelado eficiente, mas há consenso de que só uma troca completa do sistema de drenagem e esgoto por outro, bem mais moderno, impedirá os poluentes de ameaçarem novamente o rio londrino.

    terça-feira, 26 de junho de 2012

    Entidades do Norte da Ilha denunciam ampliação ilegal


    Entidades sociais e comunitárias do Norte da Ilha vão denunciar publicamente o projeto da Casan de ampliação da estação de tratamento de esgotos de Canasvieiras e lançamento dos dejetos nos rios Paraquara/Ratones e Baía Norte de Florianópolis. A decisão foi tomada nesta segunda-feira (25.6) durante reunião no clube Avante, em Santo Antônio de Lisboa.

    O encontro convocado pelo Conselho Local de Saúde teve o respaldo das entidades da Barra do Sambaqui, Santo Antônio de Lisboa e Sambaqui, com presença de representantes do Saco Grande, Pontal de Jurerê/Daniela, Canasvieiras, Ponta das Canas, Vargem do Bom Jesus e Campeche.

    O ponto central foi o projeto da Casan de reunir em Canasvieiras os esgotos de Ingleses, Jurerê, Cachoeira do Bom Jesus e Praia Brava, onde o mesmo será tratado e lançado no rio Papaquara. O tom geral dos pronunciamentos foi de desconfiança da competência tênicas da Casan de elaborar e executar um projeto eficaz.

    Multas

    Segundo relato do analista ambiental e chefe da Estação Ecológica de Carijós (ICMBio), Sílvio de Souza Júnior, a Casan recebeu multa do órgão no valor de R$ 1,2 milhão por não cumprir as exigência da licença ambiental. Ou seja, lança no rio Papaquara óleos, graxas e produtos químicos como fósforo e nitrogênio em quantidades até 50 vezes superiores ao máximo admitido na legislação.

    A Casan também foi multada por operar a estação de tratamento de esgotos de Vila União sem nenhum tipo de licença ambiental. No caso da estação do Saco Grande, além da poluição, a Casan opera a unidade munida apenas de uma licença de instalação. A multa foi aplicada em novembro do ano passado.

    Ação

    O ICMBio pode entrar com ação na Justiça contra a Casan sob a acusação de prática de diferentes crimes ambientais, informou Sílvio de Souza Júnior. Representantes do órgão federal e da estatal catarinense se reúnem na manhã desta terça-feira (26.6) para tratar do pagamento da multa. Conforme for o resultado, o ICMBio poderá representar judicialmente a Casan.

    Denúncia

    Os resultados da reunião desta segunda-feira no Avante vão ser reunidos em um documento e encaminhados ao Conselho Municipal de Saneamento de Florianópolis, ue se reúne esta semana. Além disso, a agência japonesa JICA que financia projetos da Casan, vai ser informada das irregularidades na ampliação da estação de tratamento de esgotos de Canasvieiras, sem estudo de impacto ambiental e controle da sociedade.

    “O aumento da capacidade da estação de Canasvieiras e o lançamentos dos efluentes que chegarão ate a Baía Norte, podem comprometer a balneabilidade de toda a região e inviabilizar a maricultura”, disse Marcos Jorge de Moraes, coordenador do Conselho Local de Saúde de Santo Antônio. “Estamos enfrentando esse problema pois ele repercute na saúde pública”, justificou.

    Também está prevista audiência pública dentro de 15 dias, envolvendo comissões da Câmara Municipal e da Assembléia Legislativa. A reunião teve a presença do representante da agência reguladora do saneamento (Agesan), Marcos Azambuja, que se comprometeu a ajudar no esforço de barrar o projeto da Casan.

    sexta-feira, 23 de março de 2012

    Procuradoria: ação criminal contra Casan

    do blog do Moacir ereira


    Procuradoria: ação criminal contra Casan

    20 de março de 20124
    Durante depoimento na Comissão do Meio Ambiente da Assembleia, a Procuradora da Republica, Ana Lucia Hartmann, informou ter recebido uma representação de comerciantes de Canasvieiras, denunciando que um numero elevado de turistas teve problemas de saúde na última temporada, todos contaminados pela água do mar.
    Revelou ter requisitado uma vistoria da Fatma na estação de tratamento de esgoto da Casan em Canasvieiras, onde " há problemas muito sérios".
    A Procuradora afirmou que aquela estação "é objeto de ação criminal."
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    INÍCIO
    Postado por Moacir Pereira, às 14:04
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    Comentários (4)

    • Zulmar Elias diz:20 de março de 2012
      Parabéns! Até que enfim alguém vai fazer alguma coisa contra essa CASAN.
      É quase impossível entender onde eles colocam todo dinheiro que ganham, visto que a natureza oferece toda a \"matéria prima\", tendo somente que transporta-la por tubulações já pagas há anos. Quanto ao esgoto é uma verdadeira vergonha. Cobram o equivalente gasto em água e continuam poluíndo nossas baias, praias e estradas.
      Digo estradas, pois diversas vezes neste verão e outros, os esgotos transbordam próximos ao Hotel Majestic e o Shopping Beira Mar e NADA..... NADA ACONTECE e ano após ano continua tudo igual.
      No esgoto implantado na cabeceira da Ponte Colombo Salles, diversas vezes ocorreu o derrame no mar e nada acontece. Sem falar no cheiro.
      Caso você tenha uma ligação de água, não consegue mais desligar. Essa ESTATAL proibiu o desligamento. Se voce tiver um imóvel fechado, cobram um consumo minímo de 10m3 e ainda o equivalente ao esgoto, SENDO QUE NADA FOI GASTO.
      Caso você tenha um imóvel alugado, quando o consumo se deu pelo INQUILINO, você é o responsável pelo pagamento e não o inquilino. Não permitem que você altere a titularidade para quem realmente gastou. Se ele não pagou, o proprietário é que paga.
      Acendeu um luz no fundo do túnel!
    • Sandra diz:20 de março de 2012
      O Movimento SOS Canasvieiras tem denunciado este problema incansavelmente. Na im prensa, no Ministério Público, através de ações, como passeatas, caminhadas, limpeza na praia, navegação no Rio Papaquara, etc., etc., e a cada ano que passa, o cenário de descaso e contaminação da areia e mar da baía de Canasvieiras e norte da ilha, PIORA!
    • Bruno diz:21 de março de 2012
      Discordo do comentário do Sr. Zulmar, e acho que a CASAN é sempre o \"bode expiatório\", o \"saco-de-pancadas\" de muitos oportunistas. O fato de a empresa não permitir o desligamento na baixa temporada é determinado pela Lei 11.445/2007, que é o marco regulatório do saneamento básico no Brasil. E a tarifa mínima de 10m³ igualmente, inclusive está chancelada pelo STJ de forma pacificada. Isso serve para cobrir os custos de manutenção das redes. O raciocínio é simples: o predinho lá de Canas, o apartamentinho que o turista tem, foram feitos em tese para serem ocupados O ANO INTEIRO. Isso está na própria Cosntituição Federal - é a função social da propriedade. A manutenção das redes é anual, e não ao bel prazer do usuário. Logo, não pode ele achar que pode \"escolher\" quando a CASAn vai mandar passar água ou não na frente da casa dele. É isso que muitas pessoas não conseguem por na cabeça. Quanto aos inquilinos, é até discutível responsabilizar o locador ou não... mas vejo pelo seguinte lado: o imóvel está matriculado na CASAN em nome de A, e ele nao paga. B, que mora com ele, vai lá e dá uma de espertalhão pedindo pra religar a água em nome dele. Isso dá margem à fraudes, e talvez por isso que a CASAN provavelmente cobra do locador também, de forma solidária. Acho que não dá só pra ficar chutando a CASAN por ser \"estatal\" ou algo do tipo. Por isso discordo de boa parte do que o Sr. Zulmar falou ali em cima...
    • Raquel Macruz- MOSAL diz:21 de março de 2012
      As denúncias contra o desserviços prestados pela concessionária das águas é público e notório! Por tudo quanto é canto!
      O impressionante, contudo, é que ainda tem gente que sai na defesa da empresa- como se sentissem ofendidos pelas críticas a ela destinadas!
      O Movimento Saneamento Alternativo, MOSAL, acompanha há tempos os passos do SOS Canas e de outros coletivos que denunciam a poluição e a falta de competência da empresa em questão, tanto no quesito tratamento de esgotos como abastecimento de água (ainda não me lembro de ver uma resposta da empresa sobre o acidente ambiental da Lagoa do Peri, que abastece todo o sul até a Barra da Lagoa e que quase foi contaminada com a entrada ilegal de tonéis \"vazios\"de ácido glacial qu foram lavados junto à lagoa!!!!- afinal, se a CASAN cuida do abastecimento, deveria zelar e se responsabilizar também pela segurança do manancial). Mas eles sempre contam com o jogo do empurra.
      Se há gente descuidando de seus esgotos, direcionando seus dejetos à rede pluvial (ninguém concorda com isto e ninguém nega que ocorra), não tb como negar a incompetência da concessionária.
      Há muitos funcionários da empresa que se sentem profundamente incomodados, pois assistem de perto o descaso da diretoria que promove o sucateamento dos equipamentos ( colocando inclusive, funcionários em risco), assim como o sucateamento de pessoal- ao contratarem queridinhos para ficar lá de enfeite, ganhando às custas da população que paga impostos, ou permitindo que pessoas com sérios problemas de \"saúde\"- drogadição ocupem postos em suas estações. Eles vivem sob extrema tensão e descontentamento.
      Há uma clara intenção de se sucatear a empresa para \"justificar \" sua privatização definitiva. Processo este, semelhante ao que está se dando com a COMCAP. Funcionários sérios e profissionais sérios tem seus esforços desmerecidos e não é contra estes que nos colocamos.
      Não há como ignorar o fato da CASAN com esse tipo de gestão, estar trazendo um tremendo prejuízo à toda a cidade, ao estado! Só falta pagarem pelo que tem feito- na chincha.